Você já foi assaltado em alguma viagem?

Aconteceu comigo, no final de janeiro de 2023: batedor de carteira, metrô de Paris.

O que me deu mais raiva é que eu sei que isso acontece e, como viajo há bem uns 40 anos, com várias estadias na cidade, achei que sabia como me proteger.

A verdade é que basta um segundo de desatenção.

Passei apenas 3 noites na cidade, preferindo pegar o ônibus e não o metrô. No último dia de minha estadia resolvi conhecer um museu ao qual nunca fui. E achei mais fácil ir de metrô.

Antes de sair do quarto do hotel, separei uma bolsa pequena com moedas e a coloquei no bolso do casaco, para poder comprar o bilhete. Atravessei minha bolsa no ombro, como sempre faço. Era uma bolsa com ziper, meio difícil de abrir.

Mas eles são profissionais. Assim que me sentei dentro do vagão, olhei para meu colo e vi que a bolsa estava completamente aberta. Sim, faltava uma carteira com todo o meu dinheiro e, o pior, meu passaporte.

Você pode me perguntar: mas como uma viajante experiente como você deixou o passaporte num local de acesso mais fácil?

No dia anterior precisei dos dados do passaporte e, ao invés de guardá-lo na mala trancada ou numa partição externa da bolsa, colada ao meu corpo, o guardei nesta carteira.

Ao invés de ir ao museu, como planejado, fui para a delegacia mais próxima ao meu hotel. Enquanto aguardava ser atendida, preenchi um formulário na página do Consulado brasileiro. Depois, com o boletim de ocorrência em mãos, passei numa loja para tirar uma foto e voltei ao hotel. Tudo perto, a pé. O pessoal da recepção imprimiu um recibo do formulário e chamou um táxi - metrô não seria possível depois do que aconteceu, e lá fui eu para o Consulado.

Uma vez que no dia seguinte eu iria para Lisboa, para uma estadia de 3 noites antes de voltar ao Brasil, tratava-se de uma emergência e fui atendida sem agendamento. Foram todos muito simpáticos e profissionais. Menos de 1h depois, saía de lá com um passaporte novo.

O dinheiro, bom, como diz o ditado, vão-se os anéis, ficam os dedos. Pelo menos não levaram os cartões de crédito. E eu só tinha mais 3 dias pela frente. E, como a Pollyanna da história, posso ficar contente de não ter sofrido nenhuma violência.

Agora, pensando no ocorrido, me espanto com o meu sangue frio. Sim, porque eu deveria estar mesmo era apavorada, com a partida tão próxima. Acho que se fosse no início da viagem eu teria ficado mais nervosa. Afinal, passei um mês na França e ficar sem dinheiro teria sido um desastre.

Meu conselho se isto acontecer com você? Tente manter a cabeça fria. Sim, é difícil, mas pense que é preciso resolver a situação. Depois a gente treme, fica nervosa, toma uma taça de vinho nacional. E aprende. Vivendo e aprendendo, certo?

Marilucia Chamarelli

Bibliotecária e tradutora de francês aposentada. Amante de viagens.

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